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quinta-feira, junho 03, 2010

Erisíchton e Macunaíma: Algumas pistas para a Compreensão das Relações entre Mídia e Educação




Joana Peixoto da Universidade de Goiás, Brasil.

A função da publicidade na sociedade capitalista tem como objectivo central a aquisição de mercadorias pelos consumidores. Todavia, a publicidade não se cinge apenas à circulação das mercadorias destacando-se por uma função de natureza ideológica. Neste sentido, os media informam um certo estilo de vida, contribuindo para uma efectiva interiorização de uma representação da realidade social. Esta realidade tem como referencia, a criação de um universo simbólico em torno de um determinado objecto, através do qual o consumidor se identifica. Saliente-se que não se consome realmente o objecto em causa, mas seus signos a fim de mostrar a pertença a um grupo. A lógica do desejo, em seu sentido social, implica o olhar e o reconhecimento de outros ou seja, os motores de consumo são a lógica de prestígio e a preocupação de distinção e não a sensação de carência.
Paradoxalmente, o desejo de reconhecimento e de distinção produz seres estandardizados porque, na prática de consumo, se diferenciar é sempre se afiliar a modelos socialmente aceites e artificialmente disseminados. A sociedade do consumo revela-se através da massificação do sujeito, tendo como referencia comportamentos gregários, que invés de afirmar um ser singular, marcam obediência a um código que mantém a economia de produção por meio dos jogos artificiais das representações. A linha dominante dos media apazigua o pensamento, promovendo as identificações imaginárias e o encontro paralisante, ainda que efémero, do sujeito com o seu objecto signo. É necessário fomentar um pensamento crítico que interrompa este processo. As mediações como leitura crítica dos meios surgem como um processo em relação ao ponto de vista da recepção, do reconhecimento e da apropriação das mensagens mediáticas, através do qual os receptores não assumindo um papel passivo, desenvolvem um sentido para as mensagens. É necessário que o poder dos processos de comunicação seja analisada tendo como base os movimentos, as dinâmicas sociais e os espaços que o envolvam. Coloca-se um desafio para a cidadania e seu exercício numa sociedade aparentemente democrática. É imprescindível buscar um modelo de sociedade que não se subordine apenas ao modelo económico, mas que oriente a acção política e reconstrua a solidariedade social.
Os meios de comunicação de massa servem de referência importante para o saber e a cultura, visto que influenciam os valores e a visão do mundo das pessoas. A mudança passa por uma Educação para os Media. Segunda a autora pode ser entendida como uma educação crítica em relação à leitura dos meios de comunicação de massa que poderia eventualmente passar por programas educativos integrados no plano curricular do ensino com o objectivo de desenvolver e adquirir competências que permita identificar as mensagens quotidianas. Este eixo representa a adaptação da escola à sociedade moderna (descodificar os media e aprender utiliza-la). Um segundo eixo referido pela autora, salienta o necessário papel dos media em relação à promoção da democracia, possibilitando a iniciação das práticas democráticas, estimulando uma cultura fundada no rigor da argumentação e na aceitação das diferenças. Concluindo trata-se portanto de não rejeitar pura e simplesmente a publicidade e o consumo, mas ter uma consciência crítica em relação aos mesmos.

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